Suspensão

Nas pequenas coisas há uma certa aura, um mistério. Sentidos ocultos que

muitas vezes só se revelam a quem olha com atenção, com uma intimidade que

surge ao aproximar-se e observar as sutilezas. Suspensão é um convite a

desacelerar e contemplar as miudezas sensíveis, transformando cada detalhe em

uma porta para acessar o íntimo ou o desconhecido, percebendo aquilo que nem

sempre conseguimos nomear — um vislumbre da complexidade da própria vida.

Nos fragmentos, há uma permanência do tempo efêmero de todas as coisas, do

imensurável que reside em cada experiência. São microcosmos que carregam uma

história, uma memória, um sentido que, possivelmente, jamais tenhamos

explorado.

Essas pequenezas tornam-se, assim, não apenas um recorte de algo, mas um

caminho para refletir o que há de mais vasto — e, às vezes, indizível — em nós e

no mundo ao nosso redor. Em Suspensão, colocamos em primeiro plano um

espelho daquilo que persiste no tempo e na lembrança, talvez reavivando o olhar

para o que já foi visto ou esquecido.

Amira Rodrigues - São Paulo, novembro 2024